sábado, outubro 08, 2011

Extraordinário "Lixo Extraordinário"


Costumamos não valorizar a produção nacional, entretanto Lixo Extraordinário merece uma valiosa ressalva. Documentário de Vik Muniz, artista plástico brasileiro radicado em Nova York, foi indicado ao Oscar 2011 pela categoria.
Talvez Vik seja o artista brasileiro de maior projeção internacional por reproduzir fotografias em materiais inusitados como: açúcar, chocolate, dentre outros. A procura de novas perspectivas de trabalho, ele decide passar dois anos no maior aterro sanitário da América Latina, o de Jardim Gramacho em Duque de Caxias – Rio de Janeiro.
O projeto que poderia ser apenas mais um sobre meio ambiente teve um caráter extremamente social, a partir do momento em que Vik se aproximou da vida dos catadores e passou a acompanhar a realidade dos mesmos. Esses que sobrevivem catando o material reciclável da sociedade e acabam sedo “descartados” também.
No início do projeto, o artista imaginou pessoas tristes e doentes. Ao conhecê-los se deparou com pessoas que embora não completamente satisfeitas, eram felizes pela dignidade de sua profissão, o que em meio a tanta miséria se torna raro.  No decorrer dos fatos, Vik conhece também os sonhos e os temores de cada um que escolheu como “modelo fotográfico”. Esses que dão seus testemunhos de vida sem nenhum tipo de “autocensura”.
Após explorar o lixão e suas possibilidades e mergulhar na vida daqueles comoventes, trágicos e inspiradores personagens, sua pergunta de trabalho muda: o que seria o pós-projeto? Afinal, muitos dos catadores ao conhecerem esse outro universo, não queriam voltar para sua triste realidade de abandono em Jardim Gramacho.
Livre de demagogias, Vik que teve seu ponto de vista alterado após esse longo período de convivência, redireciona seu foco para a arte de viver daquelas pessoas. Os catadores que dependiam financeiramente do lixo, resgataram sua autoestima e confiança, enquanto os recursos financeiros obtidos se reverteram para a comunidade, fazendo com que reconhecessem o valor do seu próprio trabalho.
A qualidade de vida daqueles indivíduos foi afetada por conviver com uma enorme variedade de lixo que eles próprios classificam como “lixo de rico”, entre outros. A poluição, a sujeira são prejudiciais e geram diversos problemas, principalmente respiratórios. No entanto, percebemos que aquela comunidade vive em coletividade. São ativos e se mantém organizados para recorrerem seus direitos. Aparentemente, a harmonia está presente naquele sofrido ambiente de trabalho, onde aqueles simples catadores escondem suas angústias e mostram sua imensidão de espírito em largos sorrisos e nos ensinam a viver a vida simplesmente. 
Realmente, o que eles fizeram com o lixo foi EXTRAORDINÁRIO!

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